quarta-feira, 30 de julho de 2014

Resenha






Brasao UNEB 2,Página Inicial 





CURSO: LICENCIATURA EM HISTÓRIA - DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL II – PF: PEDRO MORAES  – PÓLO: SANTO ESTEVÃO –       GRUPO: G 27 – TD: ELISA FERREIRA– TP: JULIANA ARAÚJO – DATA: 29/06/ 2014

CARVALHO, J. M.A FORMAÇÃO DAS ALMAS: TIRADENTES: UM HERÓI PARA A REPÚBLICA.

Alan Machado Borges


É muito gratificante resenhar o capítulo 03 do livro: A Formação das Almas: O imaginário da República no Brasil; intitulado: TIRADENTES: UM HERÓI PARA A REPÚBLICA. O autor possui graduação em Sociologia e Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (1965), mestrado em Ciência Política - Stanford University (1969) e doutorado em Ciência Política - Stanford University (1975), pós-doutorado em História da América Latina na University of London (1977). Foi professor da Universidade Federal de Minas Gerais, no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, e professor visitante das universidades de Stanford, California-Irvine, Notre Dame (Estados Unidos), Leiden (Holanda), London e Oxford (Inglaterra) e na École des Hautes Études en Sciences Sociales (França). Foi pesquisador da Casa de Rui Barbosa, do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, e pesquisador visitante do Institute for Advanced Study de Princeton. É professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pesquisador emérito do CNPq, membro da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Brasileira de Letras. Suas pesquisas e sua produção concentram-se na história do Brasil Império e Primeira República, com ênfase nos temas da cidadania, republicanismo e história intelectual. Publicou dez livros, um traduzido para o francês, dois para o espanhol, um para o inglês, organizou 13 outros e publicou ainda mais de 120 capítulos de livros e artigos em revistas especializadas. Orientou 12 monografias, 20 dissertações de mestrado e 20 teses de doutorado. 
Carvalho mos mostra no capítulo três de seu livro a luta em torno do mito de origem da República brasileira e a grande dificuldade de construir um herói para o novo regime que veio substituir o sistema monárquico. Heróis são símbolos poderosos indispensáveis para a legitimação de regimes políticos.
Há dois modos de surgimento de heróis, o primeiro, em que há uma maior mobilidade social, o herói surge quase que espontaneamente das lutas que precedem a nova ordem das coisas, já no segundo em que há menor profundidade popular, o esforço se torna maior na promoção da figura do herói e é nesse caso que o herói tem maior importância. Como a implantação da República não contou com o envolvimento real do povo, era preciso compensar por meio da mobilidade simbólica.

Tentou-se transformar em herói um dos participantes do processo da proclamação da República, pensou-se em Deodoro, porém sua figura além de militarizada trazia a lembrança dos velhos generais do antigo regime político. Benjamim Constante não tinha os pré-requisitos de um herói, já Floriano Peixoto os tinha, porém ele dividia a Marinha e o Exército, no entanto o propósito da criação do herói era o de unir e não dividir.
Carvalho nos diz que a busca de um herói para a república acaba sendo encontrada em Tiradentes; onde não imaginavam. Mesmo Tiradentes sendo tachado de herói místico por Joaquim Noberto, ele acaba tendo êxito na sua identificação com o Cristo. Porém até hoje existe uma batalha historiográfica sobre esse personagem, sua personalidade, convicções, aparência física; a construção do mito afeta o debate historiográfico. Isso se deve as poucas informações documentais que se tem sobre Tiradentes.
A obra em 1873 de Joaquim Noberto de Souza, sobre a conjuração mineira, revelando fatos até então desconhecidos como a transformação que se fez no comportamento de Tiradentes por força do prolongado período de reclusão, dos repetidos interrogatórios e da ação dos frades franciscanos, o seu ardor patriótico foi substituído pelo fervor religioso. Tiradentes escolheu morrer com o credo nos lábios em vez de fazê-lo com o brado de revolta, Noberto ainda diz: “prenderam um patriota e executaram um frade!”.
Porém a posição de Noberto estava bem alicerçada nos depoimentos de Penaforte e do autor da Memória, segundo Noberto teria havido mesmo tentativa de adulterar o texto da Memória depositado no Instituto Histórico, alguém teria coberto com tinta a expressão: “lhe beijou os pés”. Os republicanos protestaram e negaram o que Noberto revelara e o acusaram de estar a serviço da monarquia, ele responde que fizera obra de historiador e não de patriota.
Notamos um combate historiográfico, se por um lado Noberto trazia provas que “desqualificavam” Tiradentes ao posto de herói da república, os republicanos em nome da história oficial e positivista tentam até adulterar as fontes documentais como cita Noberto. O que mais provocava irritação na obra de Noberto era provavelmente por serem verdadeiras do ponto de vista histórico.
No entanto esse ar místico e religioso que se idealizou em torno de Tiradentes se tornou positivo, pois não se tem fotografias de como de fato foi Tiradentes, há apenas relatos, isso facilitou a criação do Tiradentes como o Cristo e isso atrelado a religiosidade do povo do Brasil o colocou num posto do qual não conseguiram removê-lo.
Carvalho cita outros candidatos ao título de herói da república, como Frei Caneca, entretanto Tiradentes se destaca, pois Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo que faziam parte das primeiras capitanias que ele queria tornar independentes, no período da proclamação da república a partir do século XIX, já podiam serem consideradas o centro político do país; já o Nordeste, região que Frei Caneca representava ao final do século XIX era uma região em decadência econômica e política.
A aceitação de Tiradentes foi acompanhada de sua transformação em herói nacional, mais do que em herói da República. Vencida a batalha ambos os lados políticos se apropriaram do mito. O texto de Carvalho nos mostra correntes historiográficas digladiando em torno da construção do mito da invenção do herói para a República, nos revelando como se pode transformar um vilão em herói a depender da necessidade daquilo que o regime político do momento precise.

REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA:

CARVALHO, José M. A formação das almas: O imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. Capítulo 03: TIRADENTES UM HERÓI PARA A REPÚBLICA p. (55 -73)



O currículo de JOSÉ MURILO DE CARVALHO. Disponível em:<http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4781510A7.>Acesso em:04/06/2014 às 17:45h

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